Wednesday

i won't even wish for snow



dançar esta música de pantufas logo pela manhã, a árvore de natal cheia de presentes, o cheiro dos cozinhados da minha mãe que enche todas as divisões da minha casa, as ruas inundadas pelo sol e pelo frio, as pessoas que sorriem e desejam feliz natal indiscriminadamente. sobram razões para que esta seja a minha época do ano preferida, feliz natal a todos!

(e este novo sentimento que chega com pezinhos de lã..)


Sunday

a sunday smile



um domingo, um espírito leve, um entardecer sobre lisboa e uma banda sonora.

#1 joanna newson - sprout and the bean
#2 cocorosie & anthony - beautiful boyz
#3 tori amos - a sorta fairytale
#4 cocorosie - sunshine
#5 feist - i feel it all
#6 brad mehldau - blackbird
#7 thom yorke - the eraser
#8 rufus wainwright - going to a town
#9 sigur rós - ágaetis byrjun
#10 aimee mann - you're with stupid now
#11 of montreal - gronlandic edit
#12 beirut - a sunday smile


Monday

pause


espero pelo dia seguinte, vivo o dia seguinte, procuro novo dia para esperar, mas todos os dias começam e acabam e tudo permanece. os sítios são visitados, os temas são conversados, os filmes são vistos, os livros e as revistas são lidos, as viagens são desejadas, os planos são feitos, mas nada muda, não, nada muda verdadeiramente. procuro novos motivos para esperar, acontecimentos triviais, e, por momentos, as peças encaixam-se e tudo passa a fazer sentido. mas há sempre um olhar vago e perdido depois de todos os sorrisos, há sempre outras pessoas, há sempre um silêncio que não consigo calar, há sempre uma falta de calor e aconchego, há sempre uma noite longa depois do dia. depois dizes-me, secamente, essas 3 palavras que me despem de disfarces, que me deixam cara a cara com o meu imenso e inegável sentimento de solidão, e deixo de saber como e porque esperar.

Friday

fim-de-semana :)



#1 ouvir sigur rós até cansar
#2 espreguiçar-me numa esplanada qualquer a olhar o mar
#3 investigar a festa do cinema francês e as estreias todas que me andam a passar ao lado
#4 ir ver a exposição da gulbenkian
#5 decidir-me relativamente ao investimento na aimee mann
#6 tirar o pó à minha zenit
#7 r.e.l.a.x.a.r


Wednesday

emotional hangover

(desenho retirado de explodingdog.com)


quando a luz se vai e, por fim, o coração deixa de bater tão depressa; quando o pensamento distende, alarga, estica; quando a tensão abandona, definitivamente, o corpo; quando o dia acaba: as emoções ainda correm sobre a pele, sem se conseguir explicar muito bem como, nem porquê. de repente, uma tremenda comoção e vontade irresistível de chorar. pelas manifestações de carinho, pelos abraços e sorrisos, pela vontade de congelar aquela fracção de segundo no tempo (e vivê-la uma, duas, três vezes mais; conseguir, de facto, saboreá-la), pelo fim do ciclo que se avizinha, pela alma cheia de amigos, de família, de orgulho. pelo aconchego que tudo me trouxe. por tudo isto. e por tanto mais.


Friday

6 letras e uma conclusão

de repente, apercebi-me que o que pesa não é esperar por quem não vem. é não existir ninguém por quem esperar.

Thursday

(saudades de) viena.


a mariahilferstrasse de noite, descê-la pela primeira vez com a e., a tranquilidade da noite de viena. os museus de história natural e de história de arte, o ring, hofburg, stephansplatz. a catedral que parecia uma miragem, deambular, karlplatz, a fonte que jorrava palavras de água, o edifício da revolução artística. a conversa corrida que acompanhava os nossos passos errantes.


o café kafka e eu e a noite chuvosa. uma voz nostálgica cantava ao fundo. duas amigas conversavam (quase sussurravam) numa mesa à janela. depois vieram os radiohead, e os arcade fire, e o beck. o blaufrankisch facilitava a transposição dos pensamentos e emoções para o papel.


percorrer a cidade de bicicleta, o sol a espreitar por detrás das nuvens, as pessoas a sorrir, o ar da manhã.


o percurso que o jesse e a celine fizeram antes do amanhecer. o anjo dourado, concordia platz, as escadas da igreja. o ambiente do filme, cinzento e sereno.


a franziskanerplatz, o kleines cafe, e os copos de blaufrankisch.


o parque de diversões, a roda gigante do beijo, o céu carregado, e a mente leve.


no final do dia, o danúbio à chuva.


a embaixada lomográfica naquela manhã fria e de vento cortante. a sensação de descoberta de algo único e desconhecido.


nós.


a chuva que caía copiosamente sobre hofburg e o sol branco e insistente que espreitava por detrás das nuvens. o arco-íris completo que, depois, rasgou o céu da cidade.


o calor dos cafés de viena. os abraços que me protegiam do frio.


a casa do freud na bergasse. dietrichstrasse e as memórias de um tempo que não vivi mas que está marcado no meu sangue. imaginar as cenas quotidianas com uma nitidez impressionante, sentir um carinho inexplicável por aquela cidade, a cidade que me viu nascer.


Sunday

i don't know what i knew before


Saturday

will you marry me?


tenho vontade de escrever, mas só consigo desenhar palavras fúteis e alongar-me sobre lugares-comuns. sobre como é importante deixarmos as portas da nossa vida escancaradas e acolhermos com atenção todo e qualquer deambulante que ouse passar do hall de entrada. sobre um vestido de noiva escolhido em conjunto, entre gargalhadas e sorrisos cúmplices. sobre a emoção de o ver hoje, vestido, em ti. sobre o entardecer em azeitão, os últimos raios de sol reflectidos na tua aliança, iluminando o sorriso largado ao vento pelos vossos lábios. sobre os vossos olhares. sobre a vossa felicidade. e depois, sobre o jantar em frente ao mar. nós. vocês, como cresceram dentro de mim. como me inundaram, me conquistaram, me tomaram, sem pedir licença.

sim, era sobre isso que queria escrever. sobre como é bom sermos surpreendidos e conquistados. sobre como é refrescante sentir que novas pessoas se instalam na nossa vida. para ficar. mas não consigo, não. são apenas lugares-comuns.

Friday

from self to myself


abrir os olhos transforma o sonho em realidade. assim se começa o dia com um verdadeiro soco no estômago, uma desilusão maior que eu e que não é fácil de digerir. hoje voltaste à minha mente, aos meus dias, de uma forma que julgava já ser impossível. hoje voltei a sentir a sombra daquilo que apenas acabou, o cheiro demasiado intenso da possibilidade que só eu vivi. é engraçado como consegues ter uma presença tão forte em mim quando não consigo recordar a tua voz, nem as expressões que fazes quando falas, nem a forma como soltas gargalhadas. recordo, sim, as tuas palavras; essas, sei-as de cor. também não esqueço a tua mão no meu peito, a forma como o calor que dela irradiava me queimava por dentro, não esqueço a despedida naquela madrugada, aquela despedida que me destroçou de uma forma que não poderás nunca imaginar. não esqueço a dor do dia seguinte, o estômago embrulhado, a cabeça pesada, os olhos inchados, a chuva de lágrimas. não esqueço a tranquilidade que um pôr-do-sol e um abraço me conseguiram transmitir.

(tento esquecer o que (não) fizeste depois.)

nunca foste presença, mas hoje a tua ausência doeu.


Sunday

re-incidências


e de repente, descobres o aconchego de uma casa em lisboa, perdida num terceiro andar de um prédio antigo, numa rua estreita e desconhecida. descobres as sombras que a luz da noite faz nas paredes de uma sala quase vazia, o som que sai de um piano tocado com mestria e paixão, a solidão de dois copos de vinho abandonados no meio do chão.

descobres o calor de um abraço forte e a serenidade de um espírito que se tornou seguro. desistes de procurar razões e apertas contra o peito aquilo que é o que é. há boganvílias na varanda estreita e o tejo a espreitar ao fundo.

despedes-te com um cheiro que já foi teu preso a ti.

o amanhã traz a descoberta dos passos que te levam de volta ao terceiro andar de uma rua que já conheces.

Saturday

central park







Tuesday

g.

o aperto de mão forte que me deste quando nos conhecemos. a empatia inicial súbita que sentimos um pelo outro, as noites passadas a conversar, a descoberta gradual das nossas (muitas) diferenças. a forma convicta como falavas um espanhol italianado. o teu cabelo quase sempre despenteado, os teus olhos grandes e muito abertos, sempre atentos àquilo que se passava. a forma como rias com o corpo todo, mas sem emitires qualquer som. a forma como coçavas a cabeça e franzias a expressão quando pensavas nalguma coisa. a mania que tinhas de pôr em causa tudo o que eu dizia, e a forma como isso me irritava. as manhãs de domingo em que te encontrava a ver a moto GP e a sofrer pelo valentino rossi, enquanto espalhavas distraidamente cereais pelo chão. a tua teimosia. as tuas mudanças de humor, os teus ataques de fúria, sempre inesperados. a forma como fingias não entender as conversas que eu tinha com o t. a tua dificuldade em mostrar afecto, os abraços que nunca conseguiste apertar. a tua extrema sensibilidade para perceber aquilo que não era dito. a tua inteligência e a tua cultura. a forma incrivelmente engraçada como dançavas. o olhar horrorizado que deitavas aos nossos cozinhados. o olhar horrorizado que deitávamos aos teus. as lágrimas que saíram dos teus olhos na tua última tarde daquela vida que passámos juntos.

a tua casa, a tua família, os teus amigos. as ruas de padova percorridas na tua vespa, o dia em veneza, a despedida na estação. a forma como me disseste sem palavras aquilo que eu queria ouvir.

agora, o re-encontro.

Sunday

jet lag



depois das partidas, há os regressos.

no aeroporto, de madrugada, despedidas silenciosas entre desconhecidos que se conheceram pelo olhar.

sair e ver o céu. a imensidão do céu. o cheiro da terra. a auto-estrada vazia, o dia a nascer pela janela do carro. depois de uma ausência, a paisagem é sempre vista com outros olhos, há coisas que parecem mais pequenas, outras maiores. por momentos, vejo as coisas de fora e não de dentro. por momentos, sinto-me de fora e não de dentro.

a transição nem sempre é fácil. às vezes gosto de prolongar a viagem, evitando tocar em tudo aquilo que me liga a esta realidade. não ligo o telemóvel, nem o computador, nem a televisão. olho para os pedaços que trouxe desse outro lugar. co-existem duas horas distintas, aquela que o relógio marca e aquela que o corpo sente. há qualquer coisa de mágico neste estado confusional: flutuo numa dimensão intermédia, sinto duas realidades em simultâneo. o corpo cá, a mente ainda lá.

bird guhl


a noite de ontem. o jantar no chapitô, lisboa aos nossos pés. no miradouro de santa luzia, um cigarro e a lua reflectida no tejo. fechar os olhos e inspirar aquele cenário, decorar os sons e os cheiros que nos envolviam, gravar aquele momento na memória. continuar a deambular sem destino, ao ritmo da conversa solta, leve, tranquila. percorrer as ruas de lisboa, da tua lisboa, da nossa lisboa, sabendo que te estavas a despedir da cidade em silêncio. na varanda do grémio, o rossio à nossa frente: o futuro incerto, não saber o que sentir, poucas palavras, um silêncio que ambos entendemos. voltar a seguir os nossos passos, acompanhados por uma nuvem de bolas de sabão. o irish pub e a música ao vivo, a caipirinha, a animação e os sorrisos. o teu olhar oscilante entre a tranquilidade e a ansiedade, denunciando que aquela não era uma noite qualquer. ontem também me despedi de lisboa, da lisboa que não conheço sem ti.

(i)mortal - a passagem das horas



«e falta sempre qualquer coisa..um copo, uma brisa, uma frase..»