Friday
from self to myself
abrir os olhos transforma o sonho em realidade. assim se começa o dia com um verdadeiro soco no estômago, uma desilusão maior que eu e que não é fácil de digerir. hoje voltaste à minha mente, aos meus dias, de uma forma que julgava já ser impossível. hoje voltei a sentir a sombra daquilo que apenas acabou, o cheiro demasiado intenso da possibilidade que só eu vivi. é engraçado como consegues ter uma presença tão forte em mim quando não consigo recordar a tua voz, nem as expressões que fazes quando falas, nem a forma como soltas gargalhadas. recordo, sim, as tuas palavras; essas, sei-as de cor. também não esqueço a tua mão no meu peito, a forma como o calor que dela irradiava me queimava por dentro, não esqueço a despedida naquela madrugada, aquela despedida que me destroçou de uma forma que não poderás nunca imaginar. não esqueço a dor do dia seguinte, o estômago embrulhado, a cabeça pesada, os olhos inchados, a chuva de lágrimas. não esqueço a tranquilidade que um pôr-do-sol e um abraço me conseguiram transmitir.
(tento esquecer o que (não) fizeste depois.)
nunca foste presença, mas hoje a tua ausência doeu.
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